MARCELA
MARCELA

Marcela Villa

 

Era uma noite clara de quarta, Setembro em São Paulo. Eu tinha um espaço que era nosso apenas para mim. Eu estava básica como o sentimento que insistia dominar minha imaginação.


Eu, tão eu, estava dessa vez parada lá em frente ao nosso restaurante preferido, te esperando eu acho, esperava sem combinar, imaginando que você pudesse de alguma forma sentir o mesmo que eu. Meu lado racional gritava e insistia em atormentar meu coração.
Mas dessa vez, eu queria estar ali. Me sentei em um banco ao lado de uma planta que nunca tinha reparado que existia e que provavelmente não lembraria na manhã seguinte, mas eu estava lá olhando para ela por horas tentando entender todos os tons de verde que ela poderia ter e o que ela estava tentando me contar.


Nunca fui boa com plantas, mas aquela me fez perder horas, na verdade passei tanto tempo ali que tudo me chamou atenção, eu queria buscar sinais que pudessem explicar o que eu estava passando. Encontrei sinais em tudo, menos em mim mesma, sempre gostei de ser inventiva, menos naquela noite. Minha criatividade irritantemente lembrava você, todos os meus pensamentos tinham a sua voz e tudo que sentia tinha um pouco dos nossos momentos.

Os poucos carros que passavam paravam em meus pensamentos, os passos que eu ouvia eram apenas folhas que caiam, mas eu estava ali, esperando você. Nunca, mas a minha razão que sempre ganha dessa vez perdeu.
Quando quase não ouvia mais as folhas, você apareceu e fechou meus olhos, seu cheiro me fez ter certeza e eu virei com um beijo que nunca te dei e senti o abraço mais longo que já me deram. Eu, que era tão eu, estava de novo com você e algo me dizia que dessa vez, seria pra sempre.

São Paulo, 15 de Setembro de 2023 • 23:17